Aos moradores de Botucatu a pandemia se encaminha para um desfecho mais rápido e menos fatal devido a vacinação em massa ocorrida a 21 dias atrás. Para a equipe do Sem Recurso FC isso tem significado um reinicio das atividades com bola, contando com o retorno gradual dos atletas mais confiantes de sua imunidade enquanto vários ainda se preservam.
A secreta análise fisiológica pré jogo realizada no banco de reservas obteve como resultado uma abismal ausência de simples condição de sobrevivência dessas pessoas que se dispõem a participar dos jogos do Sem Recurso e que a direção insiste em chamar de "atletas".
O retorno ocorreria em partida disputada na vizinha cidade de Itatinga, porem por estarem em lockdown, a diretoria em questão de dias conseguiu vaga no disputado campo da ADPM, que segundo conversas de vestiário, teve seu terreno vendido e deixará de existir a qualquer momento futuro.
O professor Fer Ramos (que teve seu contrato renovado a pedido dos atletas) não pode participar deste primeiro embate e fez a escalação do conforto de seu sofá. Estiveram presentes no sufocante e seco sol de junho: Léo do Zé, Cegão, Beto, Manolo e Pelé Branco; Barduco, José Wilcker, Carlinhos da Cigana, Jorge e Tiagão; Afonso. No banco estavam Caio Romero e Mario Balada.
O arqueiro Leo chegou 14 minutos atrasado para a partida em grande lance de bastidores de Pelé Branco, que o convocou para outro horário e outra cidade. Estes poucos momentos iniciais foram suficientes para o Sem Recurso já levar 2 gols (um impedido e outro em cruzamento direto ao gol) e tornar a missão quase impossível.
A equipe estava bem bagunçada e sem quaisquer condições de se impor fisicamente ao adversário da casa mas em alguns lances ofensivos de pura genialidade individual fez aparecer bom futebol como em tabela entre Jorge e Cegão. A arbitragem caseira tirou ao menos uma chance do Sem Recurso de balançar as redes e ainda amarelou Tiago Donini em áspera discussão (o juiz tirou do fundo do meião o yellow card, pura várzea em andamento). Este mesmo atleta, o finalizador do time, estando bem posicionado dentro do área, recebeu assistência de * e dominou a pelota com a paz de uma criança ingenua, virou o corpo com a agilidade de um idoso e finalizou com a calma e força apenas para encostar levemente no fundo das redes. Um gol que pareceu fácil, que era fácil mesmo, mas que são poucos que conseguem executar como Tiago Donini.
Final de primeiro tempo, 3 x 1 mas com sensação de que a equipe estava no jogo, conseguindo em alguns momentos incomodar a defesa oposta.
Para a sequencia a ausência do técnico Fer Ramos se fez sentir pois foi um show de horrores de desorganização, provocado principalmente pelo extremo cansaço dos atletas semrecursenses. O goleiro extra Léo do Zé fez defesas impressionantes, impressionantes mesmo porem não entraremos a fundo nessa questão pois não queremos causar mais polemicas do que apenas essas linhas já estão causando. A superioridade das jogadas de ataque do time da casa resultava em 2 ou 3 contra um em muitos lances, tornando Manolo, Beto, o esforçado José Wilcker e o goleiro Leo em presas fáceis até chegar ao gol. Foram vários gols sofridos... Pelé Branco, Cegão, Barduco e outros medalhões estavam em fragalhos e pouco ajudaram nos 10 minutos finais. A bagunça era tanta que em determinado momento tinhamos Afonso lateral, Cegão meia e Barduco no ataque.
A vergonha era grande mas Manolo e Beto queriam mais. Em lance de enorme correria para dentro da área que protegem, Beto se atrapalha todo com os pernões de Manolo e os dois trombam caindo em vexame absoluto, um clássico lance MA-DEI-RÃO. Não havia atacantes nas redondezas e a bola foi tranquila para o arqueiro Leo.
O Sem Recurso teve algumas oportunidades de cobrança de faltas potencialmente perigosas que o famigerado Rafael Soler Barduco exige bater, não dando espaço a outros atletas que fantasiosamente acreditam saber executar, como Cegão que havia sonhado na noite anterior que faria gol de pênalti. Na última dessas oportunidades, Barduco faz cobrança venenosa e a bola bate na barreira, em especial no braço adversário e é marcado pênalti. O mesmo vai para a cobrança e chuta alto no canto direito, sem chances para o guarda redes ADPMense.
Ao final de jogo as testemunhas não conseguiram chegar a um veredito no placar, sendo que o Blog determina 8 x 2 como placar oficial final da peleja.