Os adeptos do Sem Recurso FC ficaram surpresos pela marcação de uma última partida no ano de 2019. Insatisfeitos pela longa ausência de vitórias, o presidente e seu secretário convocaram as pressas os atletas para enfrentarem a Portuguesinha, da pacata cidade de Pardinho. O jogo ocorreu em 26 de Dezembro as 19h, retirando atletas de suas desmerecidas férias e do seio de suas famílias. Ainda engordurados pela comilança e inchados pelos excessos no consumo de álcoois, os profissionais foram em carretada a cidade vizinha de Botucatu.
Este seria também o primeiro jogo disputado no período noturno por muitos dos atletas, que tiveram de se acostumar aos fortes holofotes do Estádio da Portuguesinha e ao gramado malandramente podado apenas em meio campo. Em um lado grama alta, solo pesado e sem fluidez de jogo. Do outro grama baixa, bola veloz e sebo nas canelas. São as características do futebol amador raiz, viva o interior de São Paulo!
Surgiram boatos de que o time adversário seria formado por atletas com mais de 40 anos, criando uma contida animação nos semrecursenses de que esta seria a oportunidade de enfim abraçar a vitória, contando com algum resto de juventude para fazer a diferença.
O técnico Fernando Ramos - o Fer Véio, atropelado pelo grande número de serviços automotivos em sua oficina mecânica ficou impossibilitado de estar presente e passou a função de escalar o time para Cegão.
O lateral direito montou a equipe da seguinte maneira: ET; Bunda, Barduco e Manolo; Cegão, Afonso, Flávio, Lunardi e Pelé Branco; Daniel Saidera e Tiago Donini. Como opões estavam Beto, Shazam e os extras Cassinho, Cesinha e Carlinhos.
A partida:
A equipe da Portuguesinha logo partiu pra cima do Sem Recurso e antes dos 5 minutos sofreu perigosa falta no flanco direito. Em cobrança marota, ao invés de efetuar um cruzamento, o atleta de Pardinho arriscou chute a gol no primeiro pau surpreendendo o guarda municipal ET, concretizando o primeiro gol da noite.
O time de Botucatu resolveu jogar e começou a tramar suas jogadas transferindo de pé em pé a posse de bola até se aproximar do guarda redes adversário. Algumas chances foram criadas, passando por Flávio, Tiago e Daniel. Quem enfim conseguiu empatar o jogo foi Donini! Em bela trama com seus companheiros, arrastou as correntes e se pôs em situação de arremate defronte ao arqueiro, desferindo potente kick.
Poucos minutos depois uma preciosa falta sofrida próxima da meia lua. Famigerados pela cobrança, Barduco e Flávio correram pegar a bola, e mais tímido Donini se aproximava ao local da infração. Encorajado por Cegão, os companheiros permitiram que Donini fizesse o disparo a gol, entendendo o bom momento que o atleta passava na partida. Assoprado o apito, uma grande expectativa se criou para a virada no placar, mas Tiago Donini tentou um pífio e brochante passe que facilmente foi bloqueado e acabou com qualquer chance. Péssima decisão, desperdiçando valiosa e rara oportunidade.
Entre um e outro lance bizarro de tosco futebol, assim se encerrou a primeira etapa.
Na volta do intervalo, uma pequena falta de entendimento, certa confusão quanto a quem estaria em campo, quem ficaria no banco. A equipe que reiniciou a partida ficou veloz e aberta no ataque, com os saracuras Cassinho e Carlinhos botando o terror nos pardinhenses. Dribles, correria e jogadas ofensivas. Porém se perdia um pouco com o meio, que ficou mais exposto, pela formação e também pelo cansaço que já aparecia.
Logo no primeiro lance o Sem Recurso foi vazado. E depois descontou. E na sequencia levou gol...
Por fim assim seguiu o segundo tempo, jogo aberto e corrido, bem disputado. Cassinho sofreu penalti cometido por Manteiga. Donini bateu no angulo direito do arqueiro e somou 2 tentos na noite. Lunardi recebeu bola na meia lua, até pensou em efetuar o disparo, mas com a mente sã deu assistencia a Carlinhos que fez um lindo chute cruzado, por cima do goleiro. Cassinho também fez seu gol, em lance que a televisão, as rádias e muito menos este repórter puderam gravar.
Em escanteio para o time de Pardinho, Pelé Branco protagonizou o lance MA DEI RÃO da partida. O adversário tentou pegar o lateral esquerdo de calças curtas e fez uma cobrança razante, que seria muito perigosa caso adentrasse a área do Sem Recurso. Mas Pele Branco estava ali para proteger! Meteu o coco na bola, deu uma baita cabeçada, tão forte, mas tão que a pelota subiu 37 metro de altura e ficou presa no maior eucalipto já plantado pela Duratex em solo brasileiro. Apenas chamando o Corpo de Bombeiros para realizar o resgate. Ainda hoje ali jaz uma bola de futebol.
Os gols sofridos foram marcados por pequenas falhas, como bola cruzada atravessando a pequena area em que ET não esmurrou, tampouco qualquer outro zagueiro protegeu. E no derradeiro gol da partida, Beto falha em sua especialidade. Em longo lançamento para o atacante em suas costas, o zagueiro perde o tempo de bola e não consegue impedir a trajetória da pelota, que sobra para o atacante Rui Cabeção encerrar a noite. Destacamos também participação dos adversários Mussum e Febem.
O empate em 4 x 4 foi até considerado um bom resultado, mas a vitória mais uma vez escapou pelos dedos. Esta foi a segunda partida sob o comando de Fer e nada parece ter mudado na equipe do Sem Recurso FC. Melhor que venha 2020 e traga um novo norte para esse aguerrido e insistente bando de atletas!