Trágico. Lastimável. Vergonhoso.
Faltam a este escritor improvisado adjetivos para definir o último jogo da equipe do Sem Recurso Futebol Clube.
Na manhã do domingo, 05/01, o plantel limitado se apresentou para a primeira peleja do ano no campo de Vitoriana contra o time local, no intuito de começar com o pé direito. Devido à falta de atletas do elenco (alguns em férias de novo, outros ainda, uns sem condições devido às festividades recentes de Natal e Revéillon e outros só por pura e simples vagabundice mesmo) o professor FerVéio precisou chamar jogadores de fora. Um deles já velho conhecido do time, o atacante com alegria nas pernas Cassinho (amigo do Guilherminho que joga na Itália), o zagueiro Alemão (que cumpriu bem a função), Carlinho (já conhecido também por um jogo contra a equipe e outro a favor) e UÁLLASSE (este último chegou atrasado e foi o único reserva disponível).
Em conversa particular com seu assistente Afongol, o técnico FerVéio escalou o time da seguinte maneira: ET no gol; zagueiros Alemão e Manolo; Afongol pela direita e Felipe pela esquerda; volantes Cesinha, Maffia e BarducoPintcher Bull; atacantes Cassinho, Carlinho e Thiago pelo meio.
O jogo começou bom. A equipe apresentava futebol seguro, sem sofrer pressão e desenvolvia bem algumas jogadas. A zaga estava tranquila com suas torres gêmeas fazendo a função com a elegância de duas seriemas do Mato Grosso, apoiada pelos laterais. ET pouco trabalhou.
Não consigo garantir como foram as jogadas nem quantas ao certo. Mas o time do SRFC teve algumas boas chances no primeiro tempo, e umas 3 foram daquelas que não se perde. E como dizia o poeta Muricy, a bola pune. Em cobrança de falta, o atacante adversário recebe a bola em posição duvidosa e marca o primeiro tento para o time da casa. Mas o jogo continuava parelho, e após certa pressão o atacante Cassinho sofre pênalti na entrada da área. Thiago Donini chama a responsa, coloca a bola na marca da cal, bate e faz. 1x1.
A vantagem do adversário veio após jogada pela esquerda da defesa, a bola foi cruzada, num bate-rebate o jogador chutou de fora da área sem muita força, mas o arqueiro ET, encoberto, nada pôde fazer para evitar o gol. 2x1. Ainda no primeiro tempo o treinador sacou seu volante mameluco Maffia (provavelmente uma rixa pessoal) e colocou UÁLLASSE. Este entrou bem a parecia que seria destaque na partida, mas não foi exatamente o que vimos no decorrer do jogo. E assim se encerrou a primeira etapa sem mais fortes emoções para ambos os lados.
No intervalo, o zagueiro Manolo teve uma conversa franca com o treinador e ambos concluíram que dava pra ganhar. Estavam confiantes, assim como todo o resto da equipe. Mal sabiam o que os aguardava.
No começo da segunda etapa o adversário veio a campo com seis (6) alterações, entre jovens e experientes jogadores, enquanto os senrecursenses só contavam com um atleta para rodar o elenco. E seria exatamente esse o problema que culminaria no maior número de gols já tomado pelo time. Logo no início do retorno a campo a equipe adversária marcou um gol em chute de fora da área sem chances de defesa para o goleiro ET. Pouco tempo depois, em outra batida de fora, dessa vez uma pancada na veia, a bola veio alta e o arqueiro não foi capaz de evitar o quarto gol. 4x1.
Em lance bizarro, descrito pelo próprio goleiro como “único frango meu”, ele defende chute deveras fraco mas rebateu a bola no pé do atacante adversário que só teve o trabalho de estufar as redes. Logo em seguida, em lance de pura correria e troques rápidos de passes o time local tramou boa jogada e o atacante, com sangue frio, bateu encobrindo o goleiro ET 6x1. Não percam a conta.
As jogadas envolventes do time de Vitoriana começaram a ficar mais freqüentes e plásticas, muito disso devido ao desgaste físico já apresentado pelos atletas do SRFC. Houve momento de chapeis desnecessários por pura firula que resultou em perda de paciência por parte do volante Cesinha. A essa altura já não havia mais organização tática, os ânimos estavam abatidos e todos queriam tentar resolver na frente. Em troca de passes o atacante adversário saiu cara a cara com o goleiro ET que não pôde defender o toque no canto. O oitavo gol ficou no ar, nem eu nem os outros puderam explicar como aconteceu.
Foi nesse momento, se não me falha a memória, que o time visitante chegou a sonhar com uma reação que pudesse diminuir o prejuízo. Foi quando o atacante Cassinho fez jogada pela esquerda buscando a bola quase na rua e o juiz nada marcar, apesar das reclamações do outro time e lançou pra área. Afonso, em seu melhor estilo curupira-trombador-desengonçado se atirou contra o zagueiro, o goleiro a trave, e em meio a uma quase luta na areia conseguiu empurrar a bola pras redes. Pouco tempo depois Carlinho também fez boa jogada pelo lado do campo e mandou pra Thiago, que concluiu marcando o terceiro.
Parecia que um placar menos elástico se desenhava, mas somente houve tempo para o nono gol do time da casa. Em lançamento bumba-meu-boi, Manolo tentou cortar de cabeça na intermediária mas devido às já presentes câimbras (pelo menos foi essa desculpa usada para lance tão bizonho) a bola sobrou para o atacante Preto que só teve o trabalho de cortar o arqueiro ET e mandar pra dentro.
E assim findou a partida. Vitoriana 9 x 3 SRFC. Uma derrota épica, infelizmente memorável. Algo precisa ser feito. O time que já foi temido por alguns está se tornando chacota para as equipes da cidade e região. Não quero causar intrigas, mas enquanto jogadores e equipe técnica lamentam o ocorrido, o presidente saiu em viagem de férias em vôo fretado com a aeronave da equipe.
Lances pontuais positivos: cabeçada a queima-roupa de Alemão e belo chute de fora de Maffia no primeiro tempo, ambos defendidos.
Lances pontuais negativos: finalizações pífias pra longe (e outras pra muito longe) de todos atletas do meio pra frente.